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A Força dos Símbolos Indianos

Beleza, estado civil e religiosidade: conheça os significados do bindi, sindoor e tilak

Por Natália Dourado

O misticismo dos indianos é uma das coisas que mais chamam a atenção em um ocidental. Eles mostram sua fé e o respeito às tradições carregando marcas e símbolos na vestimenta e no rosto. O bindi, usado no centro da testa, o sindoor – traço vermelho aplicado na cabeça - e o tilak, tintura também aplicada na testa em formato de V ou U, demonstram toda a força e a espiritualidade desse povo.

“A beleza de uma mulher é multiplicada mil vezes quando usa um bindi”. Assim diz um provérbio hindu, ressaltando o importante papel que o bindi possui para a beleza das indianas. Entretanto, este adereço não é apenas um simples acessório de moda; ele carrega vários significados.

A palavra bindi vem do sânscrito bindu, que significa ponto, gota e é conhecido como o terceiro olho místico. “Fica posicionado no ájnã chakra ou no chakra frontal para aumentar a concentração. Indianas de diferentes religiões utilizam o bindi, não apenas as hindus, mas as muçulmanas também”, afirma Vilma Sundari, coordenadora do Instituto Yaat, especialista em cultura indiana, em São Paulo.

Ana Luiza Rodrigues, gerente comercial e estudante da cultura hindu, conta que o posicionamento do bindi é muito importante: “A área entre as sobrancelhas é o lugar da sabedoria latente. É a área é do sexto chakra, que controla os vários níveis da concentração alcançados com a meditação e, assim, o bindi recolhe toda a experiência,” explica. Tradicionalmente o terceiro olho é feito com um pó chamado kumkum, que quando misturado à água se torna uma tinta. Segundo Ana Rodrigues, acredita-se que o kumkum vermelho se encontra entre as sobrancelhas para reter a energia do corpo humano e também para trazer prosperidade ao casamento, já que simboliza a força feminina shakti. “Além disso,nos rituais sagrados costuma-se oferecer kumkum às deidades e depois colocar um ponto, um bindi na testa dos devotos, sejam homens ou mulheres”, diz.

Transformações do bindi

Entretanto, hoje são poucas as mulheres que usam o adereço feito com kumkum. O bindi em forma de adesivo é mais prático e ao longo dos anos ganhou diversos formatos e cores. Atualmente é possível combinar o bindi com a cor do sári e com as jóias que as mulheres usam. Há bindi para todos os gostos: com glitter, lantejoula, pequenas pedras, dourados, verdes, azuis, multicoloridos, enfim, a variedade é grande. Encontrado facilmente em lojas na Índia tanto como em vários países árabes, o bindi se transformou em um acessório de moda, usado por mulheres e meninas de todas as idades, agregando charme e beleza às indianas.

“Antigamente o uso do bindi estava ligado ao estado civil das mulheres. No norte da Índia, o bindi na cor vermelha era mais usado em mulheres casadas. O vermelho significava sorte e prosperidade ao lar”, diz Vilma Sundari. “Hoje é um adorno e o que realmente indica se a mulher é casada é a marca vermelha na raiz do cabelo, logo acima da testa,”complementa.

Outras marcas indianas

Conhecido como sindoor, traço vermelho feito de kumkum e aplicado na divisa do cabelo da mulher, o sinal indica que a mulher é casada e simboliza o ritual de submissão da mulher ao marido, representando o sangue que jorra da cabeça dela quando se entrega ao esposo. Para o sacerdote brâmane e músico Sri Govinda Das Adhikari, “o sindoor é a aliança de casamento na Índia e mostra o desejo de longevidade ao marido”.

Outra marca muito comum entre os indianos é o tilak, que funciona como o terceiro olho e é feito na testa em forma de V ou U. “O tilak é um emblema; define qual linha do hinduísmo a pessoa segue, além de santificar o corpo com a morada do deus que o devoto invoca”, ressalta Sri Govinda. Ele atua como kavaca, um escudo para o corpo, livrando-o de coisas ruins.

Portanto, os vaisnavas, adoradores de Vishnu, utilizam o barro das margens dos rios sagrados para fazer a pasta, que se aplica na testa verticalmente. Os shivaitas, adoradores de Shiva, misturam pasta de sândalo com kumkum para fazer três linhas horizontais na testa, representando a trindade hindu.

Já os devotos de Ganesha fazem uma linha vertical ou um ponto vermelho na testa, usando pasta de sândalo. “Geralmente vemos tilak nas cores branca, marrom e amarela e as pessoas que carregam esse marca no corpo são muito religiosas, usam o tilak todos os dias”, afirma o sacerdote. Porém, há indianos que preferem utilizar a marca somente em festas religiosas como o Dia de Krishna, comemorado em agosto, Diwali, o festival da luzes realizado entre outubro e novembro, entre outras cerimônias.

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